domingo, 12 de abril de 2009

BPL (Internet sob rede elétrica), quando chegará na sua casa?

Um dos assuntos que tem causado grande discussão ultimamente é a conexão à internet pela rede elétrica (BPL - Broadbrand over power line). Surge na mídia, seja por campanhas políticas oportunistas, por pessoas que vislumbram o acesso mais barato e com grande penetração em regiões mais distantes ou pela repercussão causada pela declaração da secretária de segurança nacional dos EUA, Janet Napolitano, na última 4a feira (08/04), que indicou a vulnerabilidade da rede elétrica dos EUA à ataques pela internet. BPL é um dos assuntos do momento.

Na verdade, essa idéia maravilhosa de conexão pela tomada não é um assunto novo.

Veja o vídeo bacana feito pelo Olhar Digital que explica como funciona a tecnologia.




Desde meados de 2001 que se discute sobre o uso dessa tecnologia como mais um canal de acesso da Internet no Brasil e nessa época, Eletropaulo (SP) e Cemig (MG) chegaram a desenvolver testes de viabilidade, porém o que se viu na sequência, foi que a implantação ainda depende do esforço em vencer algumas barreiras técnicas. Alguns dos motivos que podem causar dificuldades segundo especialistas são:


::. Manter a alta velocidade com longas distâncias, pelo encapamento plástico "roubar" os sinais de alta frequência;

::. Os fios de cobre com tal frequência podem interferir em alguns equipamentos eletro-eletrônicos, por fazer com que os dados gerem ruído no espectro eletromagnético, além de haver possibilidade de corromper os dados pela captura do sinal de rádios e outros;

::. Da mesma forma, alguns aparelhos podem interferir na transmissão;

::. Emendas, "T"s, filtros de linha, transformadores, e o ligamento e desligamento de eletrônicos na rede elétrica causam ecos do sinal, por criar pontos de reflexão, com isso podendo haver corrupção dos dados;

::. Necessidade de instalação de "repetidores" em cada tranformador externo (aqueles dos postes), pois filtram sinais de alta frequência.

Junte a tudo isso a barreira de disponibilidade de recursos que depende da iniciativa do Governo e o cenário parece ainda mais distante, porém, mesmo contra todas estas barreiras, ainda vale a pena torcer pela viabilização da BPL no Brasil. Por quê?

A transmissão da energia e dos dados podem usar o mesmo fio, já que as suas frequências são totalmente diferentes. A da energia elétrica usa a fequência em Hz e a da PLC está em MHz e vantagem de se usar o mesmo fio é que a rede elétrica cobre o Brasil todo.

Outra vantagem é que um não depende do outro e a transmissão de dados não depende que haja "força" na rede. Sem contar com a praticidade de se conectar usando apenas um modemzinho na tomada.

Na minha opinião, o mais interessante dessa história toda (além da inclusão digital) é que a implantação dessa tecnologia, permite algo muito valorizado pelos idealistas de tecnologias no mundo todo que é a convergência de tecnologias, a serviço do homem.

Hoje em dia, já podemos usar o mesmo fio para transferir voz e dados (usuários Speedy não tiveram uma Páscoa tão feliz) e a tendência é que a evolução viabilize o uso de telefonia (VoIP), internet banda larga e rede elétrica usando uma mesma estrutura de rede de distribuição com um preço mais acessível.

Não custa torcer.

E você o que pensa? Acha que isso é possível aqui?

It's up to you...

cheers,

Um comentário:

  1. Fala Fernando!

    Cara, confesso que estou "encaficado". Tive mais contato com PLC (power line communications) quando ainda era analista do Yankee Group, se não me engano em 2002. O problema naquela época era a perda de performance, principalmente nos "long hauls" ou backbones. Existe um cabo chamado OPGW que a maioria das empresas de energia lançaram no alto de suas redes, que é um mix de cabo pára-raios com fibras ópticas passando por dentro. Para esse tipo de situação a comunicação de dados não se tornou viável. Bom, como podemos ver de lá para cá a coisa evoluiu se tornando uma tecnologia viável para distribuição em curtas distâncias, e agora com a tecnologia para banda-larga. Eu pessoalmente acredito que muita coisa interessante irá acontecer na "combinação" de tecnologias (Fibra óptica, WiMax, ADSL, WiFi, BPL, 3G, LTE, Bluetooth, etc.). Isso sem falar em Picocell, Femtocell, etc. que ainda vem por aí. Algumas terão mais ou menos presença nas redes de backbone, nas redes de última milha (até a casa/empresa), e outras no acesso (dentro da casa/empresa), e o que irá definir é o mix de preço/ aplicações/ aparelhos. Obviamente que performance será essencial para a avaliação custo / benefício. Mas deixando o lero-lero de lado, o que me preocupa é: (1) A oferta de telefonia ou conectividade é um business totalmente diferente da oferta de energia; (2) Sinais ainda incertos do governo interessado em criar uma nova "operadora" com uma tecnologia ainda "não testada comercialmente" e que portanto não tem a escala mundial necessária para derrubar os preços; e (3) O usuário não quer saber a tecnologia ou por onde vem a conectividade mas qual um serviço fácil de usar (de preferência automático), a performance e o preço do serviço final.

    Abração,
    Minoru

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